Vídeo-Aula - Letra A: Avaliar o estado nutricional
O estado nutricional é determinante para a prevenção e o desenvolvimento de LP, uma vez que todos os tecidos necessitam de macro e micronutrientes para promover crescimento, manutenção e cicatrização. Pacientes desnutridos ou em risco nutricional têm maiores chances de desenvolvimento de LP. A desnutrição está associada ao desenvolvimento, gravidade e retardo de cicatrização das lesões por pressão. Estudo multicêntrico com 1.412 pacientes idosos demonstrou uma associação significativa entre a presença de lesões por pressão e o risco de desnutrição; utilizando-se da ferramenta Malnutrition Universal Screening Tool (MUST), 36% dos pacientes com LP estavam em risco de desnutrição. Já um estudo inglês encontrou taxas ainda mais elevadas, 76% dos idosos hospitalizados com risco para LP eram desnutridos.
Recomenda-se que o risco nutricional seja triado na admissão hospitalar e que a avaliação nutricional seja repetida a cada 7 a 10 dias. É por meio desta que são determinadas as necessidades de proteínas, calorias e dos demais nutrientes que cada paciente deve receber. A hidratação e a nutrição, com oferta calórica e de micronutrientes adequada, contribuem para integridade dos tecidos, inclusive da pele.
Deve-se realizar a triagem com uma ferramenta simples, válida e confiável em 24 a 48 horas da admissão. Dentre as ferramentas existentes, a Mini Nutrition Assessment (MAN) considera a própria LP e alguns dos seus fatores de risco na avaliação do risco nutricional. As demais ferramentas, apesar de não incluírem essas informações, também podem ser utilizadas de acordo com a rotina dos serviços. A Escala de Braden, utilizada para avaliar o risco de LP, considera também fatores de risco nutricionais em sua pontuação.
Recomenda-se a avaliação do risco nutricional para todos os pacientes com fatores de risco para LP. O rastreamento nutricional precoce está associado a uma redução de até 50% das taxas de LP, além da aceleração da cicatrização da LP, redução da permanência hospitalar e podendo resultar em redução dos custos.
A avaliação nutricional deve incluir história alimentar, medidas antropométricas básicas (peso, altura, índice de massa corpórea), histórico de perda de peso, avaliação de perda de massa muscular, edema, provas de força muscular como dinamometria (handgrip), sinais de deficiência de micronutrientes e habilidade de comer independente. Um estudo com 462 pacientes idosos com fratura de quadril demonstrou que a avaliação de handgrip foi capaz de predizer o risco de desenvolvimento de LP durante a internação hospitalar e em 30 dias após a alta.