top of page

BRASPEN NEWS -Triagem e avaliação nutricional na criança com desnutrição




A realização da triagem nutricional no paciente pediátrico hospitalizado é fundamental e deve ser incorporada como parte de procedimento de admissão hospitalar. A triagem tem por objetivo identificar crianças em risco nutricional, como as que apresentam ingestão alimentar inadequada, perda de peso ou estão desnutridas, e, assim, selecionar aquelas que devem receber avaliação nutricional mais detalhada.(1)


A desnutrição é caracterizada por deficiência de energia, macro e/ou micronutrientes e pode ser devido à privação alimentar, definida como desnutrição primária ou em decorrência de uma doença de base, desnutrição secundária(2). Pode acontecer de forma aguda ou crônica, que acarreta prejuízo do crescimento e desenvolvimento da criança. (1)


Em 2013, a Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN) publicou um modelo que visa padronizar a definição da desnutrição na pediatria, pontuando os principais fatores a serem considerados: antropometria, etiologia, cronicidade, estado inflamatório e mecanismo de patogenicidade(2). Ressalta-se que a desnutrição afeta de forma diferenciada crianças e adolescentes em comparação com indivíduos adultos, pois impacta no crescimento, desenvolvimento e funcionalidade atual e futura dessa população.(1,2) Além de apresentar alta associação com risco infeccioso, aumentando tempo de internação e morbimortalidade na infância.


As repercussões negativas associadas à desnutrição reforçam a importância de identificação precoce do risco nutricional, principalmente prevenindo atingir o diagnóstico nutricional de desnutrição grave. A triagem do risco nutricional é imprescindível no contexto hospitalar, pois a desnutrição de causa secundária é uma comorbidade extremamente prevalente no cenário hospitalar terciário. A desnutrição primária ainda existe em grandes centros e precisa ser avaliada em contexto social. Para realizar terapia nutricional efetiva para desnutridos graves é necessário a presença de equipe multiprofissional. (1,2,3)


Nas últimas décadas algumas ferramentas de triagem nutricional foram desenvolvidas para avaliar o risco de desnutrição em crianças hospitalizadas. As principais são a Pediatric Nutritional Risk Score- PNRS (4) , a Subjective Global Nutritional Assessment - SGNA (5), a ferramenta Screening Tool for the Assessment of Malnutrition in Paediatrics - STAMP (6), a Paediatric Yorkhill Malnutrition Score - PYMS (7) e o (Screening Tool Risk on Nutritional status and Growth - STRONG Kids (8). Todas apresentam vantagens e desvantagens e diferenças de sensibilidade e especificidade.


Atualmente, a única ferramenta de triagem para pediatria com tradução validada para a língua portuguesa é a STRONG Kids. (9) Essa ferramenta contempla os itens essenciais que precisam ser analisados para a determinação do risco nutricional, tais como condição nutricional atual, estabilidade dessa condição (variação ponderal prévia), perspectiva de piora, seja por baixa ingestão alimentar ou aumento de perdas, e impacto da doença na deterioração nutricional.(9,10)


A identificação adequada do risco e do diagnóstico nutricional permitem intervenção precoce, de forma a prevenir ou tratar a desnutrição já estabelecida. Portanto, a atuação da equipe interdisciplinar é condição essencial para que a desnutrição não seja negligenciada, principalmente no âmbito hospitalar. (1,2)

Referências Bibliográficas

1.Gomes DF, et al. Campanha “Diga não à desnutrição Kids”: 11 passos importantes para combater a desnutrição hospitalar. BRASPEN J, 2019;34(1):3-23.

2.Mehta NM, et al. Defining Pediatric Malnutrition: A Paradigm Shift Toward Etiology-Related Definitions. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, 2013;37(4):460-481.

3.Bittencourt SA, Niquini RP, Reis AC, Leal MdC. Assistência a crianças desnutridas: análise de dados do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde do Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 2009;9:263-73.

4.Sermet-Gaudelus I, Poisson-Salomon, AN, Colomb V, Brusset MC, Mosser F, Berrier F, Ricour C.Simple pediatric nutritional risk score to identify children at risk of malnutrition, Am J Clin Nutrition, 2000; 72 (1):64–70.

5.Donna J Secker, Khursheed N Jeejeebhoy, Subjective Global Nutritional Assessment for children, Am J Clin Nutrition 2007; 85(4):1083–1089,

6.McCarthy H., Dixon M., Crabtree I., Eaton‐Evans M. J. & McNulty H. (The development and evaluation of the Screening Tool for the Assessment of Malnutrition in Paediatrics (STAMP©) for use by healthcare staff. J Hum Nutr Diet. 2012; 25:311–318.

7.Gerasimidis K, Macleod I,Maclean A,Buchanan E, MCGrogan P, Swinbank I, McAuley M, Wright CM, Flynn D. Performance of the novel Paediatric Yorkhill Malnutrition Score (PYMS) in hospital practice. .Clinical Nutrtion 2011, 30(4):430-435

8.Hulst, J.M., Zwart, H., Hop, W.C., Joosten, K.F.M., Dutch national survey to test the STRONGkids nutritional risk screening tool in hospitalized children. Clinical Nutrition 2010; 29:106–111.

9. da Cruz-Gouveia MA, Tassitano RM, da Silva GAP. STRONGkids: Predictive Validation in Brazilian Children. JPGN, 2018;67(3):e51-e56.

10. Kondrup J, et al. ESPEN Guidelines for Nutrition Screening 2002. Clinical Nutrition, 2003;22(4):415-421.




5.155 visualizações
bottom of page