Orientações aos fonoaudiólogos atuantes no ambiente hospitalar e Unidades de Terapia Intensiva quanto aos cuidados durante a pandemia de COVID-19
A principal indicação de atendimento fonoaudiológico hospitalar tem relação com a necessidade de manejo da disfagia e redução do risco de broncoaspiração, sendo assim diante da pandemia de Covid -19 e hospitalização principalmente de indivíduos idosos e com comorbidades, algumas sugestões são necessárias aos fonoaudiólogos para realização de uma boa prática;
A- Para atendimento a pacientes NÃO suspeitos a rotina pode estar mantida, utilizando as medidas de precaução padrão adequadas , conforme o tipo de assistência a ser prestada.
Utilizar máscara cirúrgica, óculos de proteção e gorro. Garantir todos os passos de higienização adequada das mãos e desinfecção adequada de instrumentos utilizados;
B- Para atendimento a casos SUSPEITOS OU CONFIRMADOS :
- para quaisquer casos suspeitos ou confirmados , deve ser analisada a pertinência da avaliação fonoaudiológica diante do quadro do paciente, privilegiando medidas preventivas de cuidado e de menor risco;
- Não é recomendado o acompanhamento de pacientes intubados sob nenhuma hipótese;
- Em pacientes graves submetidos a intubação orotraqueal, para a reintrodução da alimentação oral, a avaliação e acompanhamento fonoaudiológico dar-se-ão após a extubação, conforme quadro do paciente;
- Em caso de avaliação e acompanhamento: utilizar impreterivelmente equipamentos de proteção individual adequados com todas as medidas de precaução padrão para paramentação e desparamentação: roupa privativa da unidade, capote descartável, luvas, gorro, óculos de proteção e máscara N95, associados ao cuidado da lavagem das mãos conforme instrução de todos os órgão normativos;
- Evitar a inspeção e manuseio da cavidade oral e língua, considerando o grande potencial de disseminação do vírus; Sugere-se que o protocolo de higiene oral seja orientado pelas normativas da odontologia e realizada pela equipe de enfermagem conforme critérios e orientações estabelecidas pelos órgãos próprios.
- Em caso de uso de espessantes e alimentos para avaliação, descartar sobras e não reutilizar em hipótese alguma ;
- Usar utensílios descartáveis ;
- Evitar ausculta cervical considerando o potencial de sobrevivência do vírus em superfícies ; em caso de necessidade utilizar apenas o instrumento do paciente , com atenção à higienização e desinfecção da oliva;
-Em caso de pacientes traqueostomizados, sugere-se não realizar quaisquer procedimentos que possa produzir aerossóis.
-NÃO é recomendado desinsuflar cuff, estimular a tosse, uso de dispositivos respiratórios ou adaptação de válvula de fala e deglutição durante o curso da doença.
- Iniciar treinamento de deflação do cuff, adaptação de válvula de fala e processo de decanulação APÓS curso da doença com painel viral negativo.
- o procedimento de aspiração endotraqueal deve ser cuidadoso e idealmente com circuito fechado de aspiração;
- Sugere-se que a assistência seja prestada preferencialmente por um profissional exclusivamente, mas na impossibilidade por dificuldade de pessoal, sugere-se que os pacientes suspeitos ou confirmados sejam os últimos atendidos no plantão. Fonoaudiólogos que compõe o grupo de risco ( asmáticos, hipertensos, diabéticos, idosos e gestantes) não devem prestar assistência a esses pacientes ;
-para exames como a videofluroscopia da deglutição assim como para a videoendoscopia da deglutição, sugere-se que seja realizado apenas após painel viral negativo.
- para quaisquer casos de dúvidas recomenda-se a discussão com a equipe de CCIH do serviço para orientação da melhor pratica a ser empregada.
Por: Christiane Albuquerque
Fonoaudióloga - Comitê de Fonoaudiologia BRASPEN
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